terça-feira, dezembro 19, 2006

Apontamentos

Isto do pisca-pisca é muito interessante. Fiz uma pesquisa exaustiva dos carros do passado e revi multiplas vezes os registos magnéticos existentes.
Parece que os piscas eram acessórios opcionais.
Os carros mais baratos não os tinham, por isso via-se muitas viaturas a virar esquinas sem qualquer sinal enquanto que outros exibiam o seu carro (certamente muito mais caro) ligando sempre os piscas quando mudavam de direcção. Até o faziam nas ultrapassagens... Que ridículo!
Comentei isto com o Frísio e fartámos de gozar com os "carrinhos piscados".
Devia ser muito snob quem comprasse um carro com piscas.
Hoje em dia não há piscas, mas vão ser de novo implantados, agora em todos os carros, sem distinção. Mas o que vai ser interessante vai ser a confusão que eles vão criar.
Já estamos a criar a lei que obriga a instalação daquele acessório, com regras muito bem definidas quanto à sua utilização e as respectivas sanções para os que não cumprirem.
O chip da carta vai ter incorporado um sensor de piscas e de volante para controlar a direcção do pisca e a do carro.
O que ainda não está decidido é se os piscas vão ser quatro como antigamente ou se vão ser oito.
Depende do que fizer maior confusão e provocar mais desastres.
Por mim punha cinco. Quatro da maneira antiga e um no tejadilho....

quarta-feira, março 23, 2005

Dia 2

Comecei a minha pesquisa sobre a utilização do pisca-pisca na antiguidade.
Por acaso encontrei um artigo bem interessante na revista "Ontem" que ninguém lê porque fala dos séculos passados. E hoje em dia quem quer saber?
Eu, por acaso, sou um fâ da "Ontem" porque traz sempre artigos sobre o tráfego e gramo ler o que os condutores do Sec 21 faziam na estrada. Assim levo vantagem sobre os meus colegas e sei muito mais que eles sobre os antigos aparelhos de condução…
Os carros modernos não têm pisca-pisca. Esse acessório foi retirado há muito porque era inútil. Eram raros os condutores que o utilizavam! Também, não percebo para que eram 4 luzinhas pequeninas nas extremidades do carro que só serviam para indicar a direcção que se pretendia tomar!
Por isso estudei cuidadosamente a sua utilização na antiguidade e estou preparado para iniciar o meu relatório para a aplicação compulsiva do pisca.
O que se pretende, de acordo com o Politrans Mor (que teve essa ideia por causa da fábrica do cunhado da irmã que precisa de vender mais….), é reiniciar a sua implantação nos veículos actuais e arranjar maneira de baralhar ainda mais o tráfego e provocar mais acidentes.
"Causar cada vez mais acidentes" é o lema principal do Ministério do Tráfego, a regra de ouro por que temos que nos guiar. O Hino do Ministério até diz:

"Causa um grande acidente
Pra te tornares melhor gente!
Um acidente por dia
dar-te-á mais alegria.
Vai na estrada em contra mão
À espera do oponente
Acelera sem travão
E provoca um acidente.
Quem mais mossas conseguir
Pró Ministério há-de vir."

Já tenho algumas ideias que vou gravar e esconder para não mas roubarem porque já vi que a competição é feroz!

terça-feira, março 15, 2005

1 de Janeiro de 3000

Bolas! Só causei 5 acidentes ao vir para o trabalho! E eu que queria causar boa impressão logo no primeiro dia!
Mas pronto, os outros disseram-me para não desanimar porque hoje é um dia de pouco trânsito e nenhum deles conseguiu mais que seis!
Não falo mais nisso o que interessa é como está a ser este dia.
Para já o Politrans Mor veio conhecer o novo funcionário e deu-me uma tarefa que considerou da maior importância: - A análise da reutilização do Pisca.
Vim depois a saber que ninguém mais queria aquela função! Parvos. O que dá gozo é tentar descobrir novas maneiras de desestabilizar o trânsito!
O Frísio, por exemplo, fartou-se de gozar porque diz ele que me deram a "função do pisca" porque não tinham mais nada para me dar e as tarefas mais importantes ficavam para os "antigos".
Que se lixem todos. Até já me puseram a alcunha do "pisca 3000" mas eu quero lá saber, logo choram quando virem o trabalho que vou fazer e a promoção que me vão dar!

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Um Problema de STOP

Antigamente o sinal de stop era uma dormência. Tinha sempre que se parar quando se via um. E havia multas para quem não o fizesse e fosse apanhado.
Hoje em dia é completamente diferente. Os sinais de stop ainda existem mas tem uma particularidade muito engraçada – estão escondidos.
Poder-se ia pensar que assim não serviam para nada mas não, dão colorido à condução e aumentam a adrenalina porque, ao chegarmos a um cruzamento, nunca se sabe quando vão aparecer.
E as novas regras dizem:
"Sempre que seja avistado um sinal de stop deverá o condutor acelerar e passar à velocidade de 100 Km/h no respectivo cruzamento. Caso viole esta regra será activada a sequência 1 do chip"
A sequência 1 faz com que a visão se turve e o condutor tenha de travar de repente no meio do cruzamento.
Claro que os outros condutores, ao verem o veículo parado, aceleram para ver se lhe acertam e ganham pontos na carta. Esses pontos servem para descontar qualquer descuido de atenção e não activar a sequência respectiva.
O sinal de stop é muito respeitado. Há quem trema ao chegar a um cruzamento e ele parece que adivinha quem está nervoso porque às vezes só aparece no último instante. Por isso devemos sempre acelerar quando nos aproximamos de um cruzamento!
Mas ele pode também não aparecer e nesse caso temos que parar e esperar que passe outro condutor no cruzamento.
Se não pararmos estamos sujeitos a que se active o sistema de bloqueamento da estrada.
Pois, as estradas agora fazem também parte integrante da vigilância à condução. Têm em vários sítios um sistema especial de bloqueio que prega o condutor à estrada. E quando digo prega é-o literalmente.
Por exemplo, no stop, se ele não aparece, e não paramos, ergue-se uma fiada de pregos que se enroscam nos pneus e imobolizam a viatura. O carro estaca súbitamente e somos cuspidos pelo pára-brisas. Aí podemos fugir do meio da estrada e os danos são menores. Mas só se não tivermos o cinto de segurança…. Há ainda gente que o utiliza embora ele seja de proibição baixa. Pode-se usar mas por nossa conta e risco.
Um dos casos mais caricatos que ja vi foi o de uma velhota com o cinto de segurança posto no meio de um cruzamento. A velha contorcia-se e esperneava para se libertar mas o cinto nem se mexia. Claro que todos os outros condutores vinham colidir com o carro dela para ganhar pontos.
O primeiro foi um miúdo num carro desportivo muito bem artilhado com todas as barras de protecção. Acelerou e passou de raspão arrancando o farolim direito. 7 pontos. Os mirones que estavam ali parados bateram palmas… A velha gritou e começou à procura de um instrumento cortante para tirar o cinto. Felizmente não havia nada disso no carro e ela resmungou qualquer coisa. Mais palmas dos mirones.
Veio então um senhor de meia idade num carro antigo transformado. Acelerou e bateu-lhe em cheio por trás. Infelizmente não lhe conseguiu arrancar qualquer pedaço. Apenas ficou uma ligeira amolgadela. O raio da velha também tinha o carro bem preparado! Ela deitou-lhe a língua de fora e tentou passar com a cabeça por baixo do cinto. Nicles. Aquele cinto era persistente…. Os mirones apuparam o batedor e ele fez marcha atrás para tentar acertar outra vez. Mas os óculos caíram-lhe e ele, pitosga, foi-se estampar num muro que de repente surgiu do lado direito da estrada. Palmas dos mirones! A velha também aplaudiu!
Distraída não reparou no autocarro que vinha a toda a velocidade do lado esquerdo e o condutor, a esfregar as mãos, guinou para tentar cortar o carro ao meio. A velha apercebeu-se do guinchar de pneus e apertou um botão do tablier que inflou um enorme airbag lateral da parte de fora do carro. O condutor não teve tempo de accionar o espigão de airbags e o autocarro foi catapultado para trás esmagando 7 mirones. A velha gritou "Bem feita!" e os mirones começara a ligar os telemóveis para chamar mais espectadores para substituirem os esmagados.
A multidão já era grandita mas agora não havia sinais de qualquer outro carro. Nem a Politrans ainda tinha chegado. E a velha continuava as suas contorções para tirar o cinto.
Quase estava a conseguir quando finalmente apareceu a Politrans que estava disfarçada de moita na berma.
Aproximou-se da viatura e a velha começou a guinchar e a lamentar-se dizendo que o carro se tinha avariado ali! Mas claro que os pregos nos pneus desmentiam veementemente o que ela dizia e o Poli só teve uma alternativa. Puxou do bastão silenciador e pumba acertou-lhe em cheio no alto do cocuruto.
Conseguiu fazer um lindo corte longitudinal e introduziu o choqueador na abertura do crânio marcando-lhe uma parte do cérebro para posterior "reeducação". Chamou a ambulância e foi distribuir pontos pelos mirones pela sua excelente actuação.
Foi demais!

domingo, fevereiro 20, 2005

Fim de semana

Hoje completei o meu quinquagésimo milésimo acidente e fui logo contactado pelo Ministério do Tráfego para ocupar um lugar nas suas fileiras....
Foi uma notícia e tanto, era o que eu mais queria! O fim de semana parece interminável!
Qual será a função que eles me irão dar?

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

A Nova Carta


Hoje acordei com o novo código da estrada decorado! As almofadas distribuidas pelo Grande Gestor Administrativo são uma beleza… Enquanto dormimos, um sistema de microfones microscópicos sussurra aos nossos ouvidos todas as matérias importantes para o cidadão. Ontem foi o novo Código da estrada por isso estou bem disposto. Esta manhã vou buscar a nova carta. Nada de papéis nem cartões. Apenas uma pequena injecção que nos coloca um sensor na testa, debaixo da pele, entre as sobrancelhas. Quando esta medida foi anunciada houve muitos protestos por causa da questão estética mas o microchip é tão pequeno que nem se nota. A princípio tem-se um pequeno desconforto quando se franze a testa mas depois habituamo-nos. Até é útil para reduzir as rugas naquele sítio e há quem peça que lhe seja implantado um tamanho maior. O microship tem incorporada um câmara de infravermelhos que grava tudo o que fazemos ao conduzir. Quando entramos no carro e ligamos o motor este envia um sinal que activa a Câmara, inicia o processo de vigilância e transmite as contravenções para a Politrans. E não há maroscas! Não se pode tapar os poros daquela zona. Houve já quem tentásse, pondo um lenço na testa, mas deu-se mal…. O chip quando não tem visibilidade e está activo imite um som inaudível que provoca uma enorme dor de cabeça. Se os poros não forem desobstruidos em 30 segundos a pessoa desmaia e é transmitido um sinal aos gestores da estrada. A Politrans é avisada e vai buscar o infractor. Claro que se davam a princípio imensos desastres mas o pessoal viu que não havia nada a fazer e desistiu de tentar boicotar o sistema. Também não se pode olhar para baixo, a fingir que está qualquer coisa mal no volante ou nos pedais…. Se isso acontecer é disparado um raio que provoca furos do terceiro grau. É cá um cheirinho a queimado! Eu sei porque ia no carro com o Frísio e ele deu-lhe na cabeça tentar conduzir sem olhar para a estrada. Foi cá um desastre que nem queiram saber. O que vale é que eu não tinha o cinto posto e fui ejectado no momento do embate. Ele ficou com um buraco na perna até ao osso e ainda hoje lhe custa imenso andar. Mas foi remédio santo. Nunca mais desviou os olhos da estrada! Para além disso existe uma sequência de contravenções que activa a autodestruição do chip e então ele explode deixando o cérebro feito em fanicos! Fixe! Mas isso tudo não me preocupa nada pois andar na estrada hoje em dia é baril! Nada como nos tempos antigos em que as regras eram sensaboronas até dizer chega. Ná, isso acabou. Já tenho a carta nova!

quinta-feira, dezembro 30, 2004

A Estrada

As estradas de hoje têm mecanismos muito engenhosos para despistar os condutores. Existem registos holográficos que são disparados em certas circunstâncias e que tornam as viagens super excitantes.
Por exemplo, numa estrada de 90Km/h, se o condutor fôr a 89Km/h, pode de repente aparecer do nada um muro que se torna sólido se o condutor não acelerar!
È certo e sabido que muitos se estampam logo ali mas os hackers do sistema conseguiram desenvolver um aparelho que ilude os muros.
È uma caixinha pequena do tamanho de um dente que imite uma redoma virtual invisível que faz com que os detectores de velocidade não se apercebam que vai ali um carro! Claro que tiveram um grande sucesso e fartaram-se de ganhar dinheiro com aquilo.
Existem tabém lombas que se formam de repente quando há uma fila de trânsito comprida. Essas lombas provocam imensos acidentes pois se não formos coladinhos ao carro da frente batemos no de trás porque as lombas são um pouco altas e segregam um produto deslizante que faz com que o carro deslize para trás… E claro que apanhamos uma multa!
Hoje em dia se batermos por trás, por irmos muito colados ao da frente até nos aplaudem, e quanto maiores forem os estragos mais pontos ganhamos.
O traço contínuo que antigamente enfeitava a estrada desapareceu. As estradas agora são negras e sem marcas, uma maravilha de estética.
Não percebo porque houve tanto burborinho quando apagaram os traços antigos. Aquilo servia, segundo me contaram, para evitar as ultrapassagens! Só visto. Para que seria evitar as ultrapassagens se o que dá pica é ir do lado esquerdo até vir um carro e só desviar no último instante….